Conhece os fundamentos financeiros básicos?


1. Introdução


Conhecer fundamentos básicos das finanças empresarias é essencial para a empresa se desenvolver no mercado, conseguir mais clientes e adquirir mais conhecimento. Isso tudo não só para executar com qualidade as principais tarefas do dia a dia, mas também para tomar decisões estratégicas sólidas e dando assessoria às empresas e gestores da melhor forma possível.

Para nos iniciarmos no mundo empresarial, é preciso, antes de tudo, entender o conceito de finanças empresariais e outros fundamentos relacionados com o assunto. Este texto será de grande valia para quem está dando os primeiros passos na área das finanças. Abordaremos as principais terminologias utilizadas na área empresarisl. Como diferenciar custos, despesas e investimentos e, ainda, como elaborar um plano de contas eficiente.

Ao longo destes tópicos começará a entender a importância das decisões financeiras para todas as atividades e para a própria sobrevivência de uma empresa. Também aprenderá como medir a saúde financeira de um negócio, como avaliar sua rentabilidade e traçar planos estratégicos. Por fim, aprenderá quais são as principais noções de finanças que deve dominar. Entenderá também a importância da preparação profissional na elaboração de estratégias e planos para o negócio.

2. O conceito de finanças empresariais

Todas as decisões financeiras tomadas pelas empresas, assim como as análises e ferramentas utilizadas para essas tomadas de decisão, estão inseridas dentro da área das finanças empresariais.

Entre os objetivos desse campo de conhecimento e dos profissionais que atuam nele, está maximizar o valor de uma empresa para seus acionistas, além, de administrar com eficiência todos os riscos envolvidos na administração financeira de um negócio. Isso levará a empresa a alcançar os melhores resultados.

3. Principais terminologias

As finanças empresariais têm algumas terminologias próprias. Para compreender os conceitos fundamentais da área, é essencial saber quais são:

Ciclo Económico

O ciclo económico compreende o período em que o produto ou bem que será vendido permanece em stock até à sua venda.

Ciclo Operacional

É o período entre a data da compra e a data do recebimento do valor obtido com a venda do produto. Para calcular o ciclo operacional, é preciso somar o ciclo econômico com o Prazo Médio de Recebimento das Vendas.

Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa

Período entre a data do pagamento de uma compra até a data do recebimento da venda da mercadoria. Calcule o ciclo financeiro ou de caixa subtraindo o ciclo operacional do Prazo Médio de Pagamento.

Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é o resultado da divisão do ciclo de caixa ou financeiro por 360 dias. Esse é o chamado ano comercial.

4. Custos, despesas ou investimentos?

Depois de conhecer o conceito e algumas das principais terminologias das finanças corporativas, o ponto essencial para quem quer compreender o básico sobre o assunto é saber como diferenciar o que é custo, despesa ou investimento. Apesar de, à primeira vista, parecerem termos similares, na prática, são bem diferentes para uma empresa. Entenda o que quer dizer cada um deles:

Custos

São considerados custos todos os gastos que são feitos pela empresa na aquisição de bens e/ou serviços que são usados na produção de outros bens e/ou serviços. A compra de uma matéria-prima, por exemplo, é considerada um custo para a empresa.

Também entram nesta categoria salários, encargos e benefícios pagos para o quadro de funcionários, aluguer do espaço em que a fábrica funciona. A depreciação de máquinas e equipamentos usados na produção também entra na categoria custos. Tendo isso em mente, é importante entender que os gastos que não estão diretamente relacionados à produção, não devem ser chamados de custos.

Despesas

Se os custos estão relacionados à produção, as despesas são aqueles gastos que a empresa tem para manter sua estrutura organizacional e, também, para ter receitas. Aluguer do escritório; seguro do escritório; salário, encargos e benefícios pagos para os funcionários administrativos; comissões de venda, luz, água e gás consumidos pelo escritório. Todos esses, por exemplo, são considerados despesas.

Investimentos

São considerados investimentos todos os gastos ou aplicações de recursos que são feitos com a expectativa de, no futuro, ter algum retorno financeiro. Os gastos que a empresa tem com a aquisição de bens patrimoniais, como instalações e máquinas, por exemplo são considerados investimentos. A compra de um imóvel para ser a sede da empresa também é considerada investimento.

Tenha em mente que custos, despesas e investimentos são tipos de gastos. Conceitualmente, para as finanças empresariais, pode ser considerado um gasto toda a compra de produto ou serviço que gere sacrifício financeiro para a empresa (desembolso). Esse sacrifício é feito por conta da entrega – ou, então, da promessa de entrega – de ativos, geralmente dinheiro.

É muito importante não confundir gasto com desembolso, que é toda saída de dinheiro do caixa empresarial ou das contas bancárias do negócio. São exemplos de desembolso: pagamentos feitos a fornecedores; pagamentos de contas de consumo, como água, luz, gás etc. Como exemplos de gastos pode-se citar as matérias-primas que são usadas no processo produtivo, a água utilizada na área de produção de bens que serão vendidos etc.

Além de custo, despesa e investimento, há, ainda, a perda, que é o gasto que a empresa realiza quando um serviço ou bem tem consumo que foge do normal. Por exemplo, em casos de incêndios, greves, inundações, desmoronamentos e similares.

5. Como elaborar um plano de contas eficiente?

A parte importante da área de finanças empresariais, é o plano de contas. A ferramenta, que também é conhecida como estrutura de contas, é, em linhas gerais, uma lista com todas as contas que são essenciais para que a empresa registe todas as movimentações financeiras e económicas, assim como os eventos que ocorrem em suas operações e atividades.

Entre os itens que não podem faltar em um plano de contas estão, por exemplo, despesas operacionais, que compreende despesas administrativas (água, aluguer, telefone, energia elétrica etc). Gastos com pessoal (benefícios, encargos, salários etc). Manutenção e limpeza (serviços de limpeza, serviços de manutenção etc). Materiais (materiais de limpeza, materiais de escritório etc).

Elaborar um plano de contas que seja realmente eficiente é essencial para a gestão financeira da empresa. Esta ferramenta é que irá nortear os trabalhos de registo de fatos e atos do negócio. Além disso, o plano servirá como base na hora de elaborar as demonstrações contabilisticas da empresa, como o de fluxo de caixa, resultados do exercício e balanço patrimonial.

Muitas vezes, o plano de contas, pelas suas restrições, pode não atender aos objetivos da empresa e fornecer todas as informações que os gestores precisam para a tomada de decisões. Por isso, as empresas elaboram o chamado plano de contas de gestão, que difere do plano de contas somente por incluir/excluir determinadas contas.

Como elaborar um plano de contas de gestão eficiente:

Faça uma descrição dos grupos do plano de contas.

Um plano de contas deve ser dividido em quatro grupos: Ativos, Passivos, Receitas e Despesas. Dentro de cada grupo específico são criadas contas agrupadoras como, por exemplo, as Despesas Operacionais. Essas, por sua vez, devem ser detalhadas em contas e subcontas. As Despesas Operacionais podem abranger, por exemplo, a conta Despesas Administrativas, que será dividida em subcontas como Água, Energia Elétrica, Aluguer etc.

Determine contas e subcontas dentro de cada grupo

Cada um dos quatro grupos deve abranger as chamadas contas agrupadoras (também conhecidas como sintéticas). Em Despesas, por exemplo, pode incluir a conta Despesas Operacionais, que por sua vez é dividida em Despesas Administrativas e seus subitens. É importante ter em mente que quanto mais detalhadas forem as suas descrições, mais fácil será o controle financeiro.

Use níveis e subníveis para estruturar as informações

Um plano de contas de gestão realmente eficiente é aquele que permite que as informações sejam visualizadas com facilidade. Para isso, apostar na estruturação em níveis e subníveis é essencial.

A estrutura base do plano de contas não tem variação considerável. Ainda assim, é essencial elaborar o documento levando em consideração as características de cada empresa. Isso porque cada negócio tem uma necessidade diferente de registro e análises de informações, com detalhes bem específicos.

6. A importância das decisões financeiras

Tomar decisões financeiras acertadas deve ser um dos principais objetivos de qualquer profissional que trabalhe na área. Toda pessoa envolvida com a administração financeira de uma empresa deve entender que as decisões tomadas pelos gestores financeiros não são só importantes como, até mesmo, capitais para a sobrevivência da empresa, independentemente do setor de atuação.

O processo de tomada de decisão nas finanças empresariais, a cada ano ganha risco e complexidade cada vez maiores no ambiente empresarial. São vários os pontos que devem ser considerados pelos profissionais que atuam na gestão das finanças, entre eles: taxas de juros cobradas, carga tributária, volume de crédito de longo prazo e variações inflacionárias. Além de possíveis alterações nas regras do mercado, que exigem flexibilidade dos contadores.

Para tomar as melhores decisões financeiras, é fundamental entender as funções de um gestor financeiro e como executá-las da melhor forma.

Planeamento financeiro

O gestor financeiro deve ser apto para identificar quais são os desafios e problemas futuros. Selecionar quais são os ativos realmente rentáveis da empresa e estabelecer uma rentabilidade mínima para cada ativo. Ele também deve saber como evidenciar a necessidade de crescimento do negócio com base em dados e informações contabilisticas.

Controle financeiro

Tomar as melhores decisões financeiras passa também por acompanhar e avaliar o desempenho das finanças do negócio. Fazer uma análise de possíveis desvios dos indicadores financeiros, realizando uma comparação do que foi previsto no planeamento e do que foi efetivamente realizado. Também é responsabilidade do gestor financeiro definir medidas corretivas, implementá-las e verificar se elas atingiram o resultado esperado.

Gestão de ativos

Para tomar as melhores decisões em relação às finanças de uma empresa, é preciso estabelecer a melhor estrutura, considerando risco e retorno dos ativos da empresa. Além disso, é necessário acompanhar possíveis defasagens entre entradas e saídas das contas da empresa, como o fluxo de caixa, e administrar o capital com sabedoria.

Gestão de passivos

O gestor financeiro deve gerir a estrutura de capital – financiamentos – da empresa. Ele deve garantir que essa estrutura é a melhor em termos de liquidez, redução de custos, e também risco financeiro.

Em resumo, as tomadas de decisão importantes acontecem a todo momento. Por isso, é essencial saber exatamente as funções desempenhadas por quem administra os dados financeiros e contabilisticos. Além de ter sempre à mão as informações e dados necessários para tomar as melhores decisões relativas às finanças da empresa, seja uma decisão de investimento – onde alocar recursos – ou decisão de financiamento, que é a captação de recursos.

7. Medindo a saúde financeira da empresa

Medir a saúde financeira da empresa é um passo importante para garantir que ela vai crescer e, até mesmo, sobreviver num mercado cada vez mais competitivo. A questão é que, no meio de tantos indicadores, muitos profissionais ficam na dúvida sobre como eles podem saber qual é a real situação financeira do negócio. Para facilitar a tarefa, destacamos alguns pontos que não podem deixar de ser considerados para saber se a empresa está realmente bem financeiramente:

Fluxo de caixa

Ao analisar o fluxo de caixa, é possível checar a diferença entre as entradas e saídas de dinheiro no negócio num período de tempo previamente determinado. Por isso, fazer uma avaliação periódica de como está o fluxo de caixa da empresa é uma tarefa importante para saber como está a saúde financeira do negócio em curto prazo. Além disso, permite fazer projeções para o futuro da empresa. Mesmo uma empresa que, à primeira vista pareça ser lucrativa, pode se revelar financeiramente debelitada, se for verificado que a curto prazo não tem condições de arcar com pagamentos e despesas.

Despesas fixas

São consideradas despesas fixas aquelas que devem ser pagas todos os meses pela companhia, como aluguer, contas de luz, internet e água, e outras despesas do tipo. Como são valores que devem ser pagos todo o mês, para verificar se a empresa está realmente saudável financeiramente, é importante avaliar se o negócio tem recursos suficientes para liquidar essas despesas mês a mês.

Lucro líquido

Indicador muito usado para medir a saúde financeira de uma empresa, o lucro líquido é obtido após a subtração das despesas – independentemente de serem operacionais ou não. Ele inclui valores como juros de possíveis empréstimos, tributos e impostos. Se a empresa não estiver a gerar lucro suficiente para ser reinvestido no negócio e remunerar todos os seus sócios de forma satisfatória, alerta vermelho. É sinal de que a saúde financeira não vai bem.

8. Avaliação de rentabilidade

Parte importante na gestão de finanças empresariais é acompanhar a rentabilidade da empresa. O ideal é fazer uma avaliação, pelo menos duas vezes ao ano, se os produtos e/ou serviços do negócio continuam rentáveis. É relativamente comum que uma empresa descubra que seus produtos, processos, e até mesmo clientes, não são tão rentáveis quanto se imaginava. Veja alguns pontos que podem ajudar a avaliar se a empresa é rentável:

Margem de lucro

A margem de lucro é o indicador que fornece o panorama geral da rentabilidade de uma empresa. Para calculá-la, divida o lucro líquido pela receita do negócio. Para saber se a margem de lucro é satisfatória, use os padrões do setor de atuação da empresa como referência. Não deixe de fazer, todos os anos, uma comparação interna para avaliar se o desempenho corporativo melhorou ou piorou.

Margem de lucro bruto

Empresas que trabalham com produtos físicos podem usar a margem de lucro bruto para avaliar a rentabilidade dos bens de venda. Para calcular o lucro bruto total, é preciso subtrair o custo dos produtos vendidos da receita das vendas. Ou seja, em linhas gerais, o lucro bruto é o valor depois de deduzir custos diretos de matérias-primas e mão de obra, e custos indiretos de fabricação de mercadoria. No entanto, ele não considera as despesas empresariais.

Análise das despesas

É especialmente útil em momentos em que as despesas operacionais parecem estar a aumentar. Para fazer esta análise, compare a percentagem das suas despesas operacionais de dois anos ou mais. Assim você pode ver se está a gastar mais do que devia e, consequentemente, comprometendo a rentabilidade do negócio.

Lucro por segmento

Outra forma de avaliar a rentabilidade da empresa é descobrindo qual é o lucro por segmento. Para isso, deve segmentar o negócio em linhas de serviços ou produtos. Assim saberá qual área (ou áreas) têm o maior lucro líquido e maior receita. Há duas formas de identificar o lucro por segmento: saber qual é a receita e quais são os custos específicos que estão ligados a cada segmento ou usar um plano de alocação de custos para distribuir custos indiretos de produção de cada linha de serviços ou de produtos.

9. Elaborar planos estratégicos

O planeamento estratégico é essencial para o sucesso de qualquer plano financeiro. Por isso, é importante saber que definir de forma clara a missão e os objetivos da empresa é um cuidado essencial para construir um plano financeiro eficaz e manter as finanças empresariais saudáveis.

Através do planeamento é possível avaliar os caminhos estratégicos que a empresa deve seguir para crescer e alcançar a rentabilidade desejada. O plano estratégico deve ser transformado em números e ser aprovado por todos os gestores, para que todos estejam alinhados e trabalhem juntos em prol de conseguirem atingir as metas definidas.

Após a criação dos planos estratégicos, chega o momento de criar o orçamento, que é considerado o plano tático. O orçamento nada mais é do que quanto custará para a empresa colocar os planos estratégicos em prática. Para funcionar, é preciso quantificar de forma detalhada os planos estratégicos, transformando-os em orçamentos de receitas e despesas mensais. Uma projeção do fluxo de caixa da empresa também é importante. Com ele é possível identificar quais são as melhores formas de financiar o capital necessário para manter o negócio.

Dentro do escopo dos planos estratégicos, estão ainda outras tarefas. Como, por exemplo, definir a estratégia de preços da empresa e decidir sobre projetos que podem ajudar a melhorar a rentabilidade de cada bem de venda.

10. Dominando as principais noções de finanças

Investir em capacitação é a chave para dominar as principais noções de finanças. Para adquirir estes conhecimentos essenciais para a atividade, aposte em cursos online, cursos de curta duração, materiais online, palestras e workshops. Ao aprimorar suas habilidades e se atualizar em finanças, a execução de tarefas corriqueiras fica mais fácil, já que você passa a compreender o aspecto macro de decisões contabilisticas.

11. Conclusão

Dominar os principais fundamentos de finanças empresariais é muito importante. Ter o conhecimento necessário para elaborar estratégias e planos para o negócio faz toda a diferença e valoriza o profissional perante às empresas.

Para evoluir ainda mais na profissão, não deixe de conhecer as principais terminologias das finanças empresariais. Atualize-se sempre em relação aos principais conceitos da área que, assim como o mercado, está em constante evolução.